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quarta-feira, 20 de abril de 2011

DESÉRTICO CORAÇÃO

DESÉRTICO CORAÇÃO




Letra: Marcius Andrei Ullmann
Música: Eliézer Quadro Oreste

       Intro : 2X  { C#m F#m Bm D }
                  
                           F                               C
                              Fui arrancado dos teus braços
                              E                        D
                              E jogado aos abraços
                        F                          C
                              Numa tristeza tão cruel
   G                           D
   E tudo que existe agora é fel

   C#m                     F#m
    Você me destrói aos poucos
    Bm                 D
     E entre são e loucos
     C#m                      F#m
     Estou perdido, atormentado.
     Bm                                D
    Você, não mais do meu lado

               A                             E
              Meu coração ficou deserto
               B                           A7+
              Porque você não me quis
REFRÃO:   2X      A                            E
              Não sei se estava correto
              B                         A7+
              Tudo que por você fiz

              2X     { C#m F#m Bm D }
                          F
  Com meus versos
  C
                          Tentei te conquistar
   F
                           Mas teu universo
                 C                  D
  Não me fez permitir entrar
                 E
           E Agora...



REFRÃO...


         C#m F#m Bm D
                                 C#m F#m Bm D
                                 C#m F#m Bm D
                           C#m F#m

   B                      A7+
Tudo que por você fiz

          C#m F#m Bm D
          C#m F#m

 B                      A7+   E
                         Tudo  que por você fiz …

Pelotas, 6 de maio de 2007


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Crônicas Universitárias (Parte III)

III

Sobre Ágrafos e Apedeutas

 

 


É sabido, já de algum tempo, que em qualquer meio existem entes despreparados e que são circunstancialmente promovidos a postos elevados. Fato que no Brasil, especialmente, itera-se continuamente, inclusive no âmbito acadêmico e científico. Ocasiões em que isto ocorre podem passar despercebidas pela sutileza com que se processam, podem ser ocultas pela gravidade de suas conseqüências (propositalmente tremado), ou podem ser negligenciadas pela regularidade com que sucedem.
  Entretanto, os ágrafos aos quais refiro o título deste artigo não são exatamente objetos incógnitos, sem vocábulo – talvez apenas não mereçam palavra alguma. Os apedeutas aos quais me dirijo não são o tipo comum de ignaro ou inculto, apenas não foram forjados na lida como outrem. São indivíduos que, com pouco ou nenhum esforço, pelo simples fato de executarem um trabalho mecânico e não mental vão sendo elevados em cargos e estima, com auxílio de intercessores que angariarão, com isso, futuros aliados, em número, para aumentar sua produção. Lembrando que, em se tratando de ciências, o termo produção significa uma prospecção exponencial ascendente do número de publicações, conseguida, geralmente, pela técnica de replicação e divisão de artigos – um pecado à ética, profissionalismo e originalidade.
Nesta ânsia por glórias repentinas ou reconhecimento prematuro, muitos profissionais (se é que assim podem ser chamados) incorrem à ilegalidade e forjam resultados. Este equívoco e desvio de conduta ética pode causar-lhe mais do que uma desmoralização pública e perda da ocupação, é possível que haja necessidade de um processo criminal por calúnia ou algo assemelhando (contudo, isso deixo para os advogados que melhor entendem das leis).
No entanto, ainda tratando acerca dos intercessores, parece-me justo o que ocorre na maioria das vezes com seus pupilos impelidos ao sucesso repentino; penso eu que quem favorece os despreparados acaba atirando-os no precipício do fracasso, pois suas asas ainda não eram fortes o bastante para voarem além de seus próprios limites.
Ainda pior que aqueles entes sem preparo, acendendo intelectualmente por impulso de terceiros, são os seres que não valorizam suas origens. Todavia, pensando no provável futuro de tal sujeito, é certo que quem escarra no prato em que come não merece o angu do dia seguinte e acaba alimentando-se com a própria secreção.
Ao invés de esperar por esses favores tão contrários a uma conduta ética e profissional, é bom valorizar os amigos que nos cercam, agradecer e procurar retribuir os favores que voluntariamente são ofertados e sem pretensões e, como diria um amigo, o que é para pertencer a cada ser humano certamente está salvaguardado.


Marcius Andrei Ullmann
Pelotas, 08 de abril de 2011

Crônicas Universitárias (Parte II)

II

Sobre Centros e Institutos

 

 


Outro fato que agonia minha existência é este novo nome que tomou para si o Instituto de Química e Geociências. É verdade que, desde muito já não havia ali geociências, entretanto, a atual nomenclatura que confedera diversos cursos da estimada Universidade de Pelotas não parece a mim cognata a esses mesmos cursos.
Não tenho pretensão de discutir os anseios financeiros, as condutas administrativas ou qualquer âmbito dessa questão que, se não menos importante, não está para um conhecimento, digamos, não tão aprofundado. Isso deixo para as mentes mais doutas no assunto. Ater-me-ei unicamente a etimologia do novo nome, logo se tratará do tema superficialmente. Porém, é peculiar o novo nome: Centro de Ciências Química, Farmacêuticas e de Alimentos.
Outras instituições de ensino superior prezam por um nome sucinto que represente o coletivo de atividades que cada curso exerce. Mas o novo Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos não consegue suprir os cursos com todas as disciplinas que cada qual requer em seu currículo. Isso significa que se tem preferido inserir os cursos de Farmácia em centros da saúde, pois necessitam de cadeiras comuns a essas organizações acadêmicas, como histologia e anatomia. Já as Ciências de Alimentos me parecem bem alojadas em centros de engenharias pelo seu cunho tecnológico e industrial, ou em centros agrícolas por sua proximidade com o trato dos mantimentos. Já a química, em todas as suas modalidades, deveria estar num centro de ciências exatas por seu caráter mais fundamental, por seu ensino mais voltado à ciência de base e por sua necessidade inerente de conversação com a física e matemática!
Assim, o Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos (que passarei a chamar pela sigla CCQFA, para não delongar demais o artigo) possui um nome bastante extenso e pomposo, porém pouco funcional no âmbito etimológico, uma vez que não consegue resumir em mais de três substantivos a função de cada curso reunido sob sua égide.
Num centro de Ciências Exatas espera-se, e isto é do senso comum, encontrar cursos como a Química, a Física e a Matemática. Estes estarão eternamente ligados por uma aliança etimológica diferente, estarão unidos por símbolos e leis que lhe são comuns; sendo que a ultima moça dessa tríade é o elo entre as outras duas. Juntas, as três caminham a bailar com uma quarta, que não é ciência, todavia objeto de estudo constante: a Natureza.
E, aliás, agora me ocorreu que apesar de anos o meio científico ser monopolizado pelo sexo masculino, são todas mulheres com as quais trabalhamos. Aliás, já disse um cronista que muito aprecio: “... as senhoras são extremos em tudo, tanto que as mais belas coisas deste mundo são também significadas por mulheres...”, mas adverte J. de Alencar, em parágrafo anterior: “... por isso que os maiores flagelos dêste mundo (...) são representados por mulheres.” E como ele, eximo-me da culpa desta comparação, pois concordo quando afirma que os autores disto são os pintores e poetas que criaram os vocábulos com os gêneros como lhes aprouvera. E os gramáticos me perdoem o circunflexo retirado deste fabuloso texto do século XVIII – quando a gramática ainda mantinha seus pormenores, seus tremas e hífens, conforme dita ou ditava a norma culta, mas isso deixo para outro momento...
 Como lhe contava, caro leitor, as senhoras de quem falo, a Física, a Química e a Matemática são filhas de uma terceira, que em termos etimológicos, é a criação mais genial e insana da história da humanidade: a Ciência. Essa, junto com as outras três, tagarelam qual velhas fofoqueiras sobre a quarta mocinha que espreitam de soslaio, a Natureza. Ela, a Natureza, quando enamorada, permite as velhas olhar-lhes um par de belas pernas ao levantar seu vestidinho, ou mostra-lhes a cútis tão alva e sedosa qual bruma só para lhes fazer inveja. No entanto, quando se zanga, fecha-se em si mesma e não dá as caras, impedindo que o melhor dos investigadores retire-lhe qualquer informação, nem energia de ativação, nem entropia, nem qualquer das propriedades físicas ou químicas que lhe é inerente é possível esquadrinhar.
        Quanto a Química, enquanto apartada das Exatas, transmutou-se em Alquimia!


Marcius Andrei Ullmann
Pelotas, 08 de abril de 2011

Crônicas Universitárias (Parte I)

I

Sobre Meios de Transporte

 

 


Toda dia, quando olho meu relógio dez minutos adiantado e lá apontam sete e vinte da manhã, tomo o rumo da universidade. Esse trecho de capítulo se repete em minha vida já há pelo menos quatro anos; durante quatro anos tenho passado pelas mesmas ruas, dobrado as mesmas esquinas, chutado as mesmas pedras e cumprimentado um par de mesmas pessoas (que bom que os amigos – novos e velhos – ainda moram por aquelas ruas!) e há quatro anos tenho ido com o mesmo meio de transporte rumo ao campus universitário, localizado às margens de uma pequena cidade que mal conheço intimamente, mas a denominam Capão do Leão.
O que me surpreende é que há quatro anos somos obrigados, eu e mais algumas centenas de acadêmicos, a embarcar em carros lotados onde há estudantes praticamente dependurados às janelas, esforçando-se para não caírem fora do veículo quando este, inevitavelmente, abre a porta para mais um pobre tornar-se membro do conjunto saturado de transportados.
E enquanto há espaço vão colocando pessoas lá dentro – estudantes ou não – sem nenhuma distinção, o povo vai agrupando-se e aglomerando-se qual grumo de leite quando coalha! Há quem compare aquele meio de transporte a uma lata de sardinhas ou uma resma de papel. Mas neste comparativo, penso eu, que a sardinha leva a melhor em se tratando de caracterizar a situação, afinal ela está imersa no óleo, semelhantemente ao estado de suor que os estudantes ficam nos verões desta terra tropical. Eles, os estudantes, transpiram o óleo de seus poros e, às vezes, passam-no além – deixando pouco de si para o companheiro que viaja ao lado.
Poderia ser esta uma forma bonita e prazenteira de demonstrar carinho ao próximo, se não fosse um ato nojento ao qual somos infligidos todo verão por amontoarem-nos naquele ônibus que viaja semelhante ao caminhão boiadeiros: levando bezerros e todo tipo de gado para o abate. Uma sena triste e deprimente que vários estudantes enfrentam todos os dias da semana, salvo feriados e dias sacros, quando fluxo de acadêmicos diminui.
Aos órgãos responsáveis, também não lhes é possível afirmar se aumentaram ou não o contingente de carros. Talvez o tenham feito, porém, que adianta colocarem estes veículos lá pelas sete e quarenta, chegando ao referido campus após as oito horas da manhã? Ao que sei, e todos os estudantes também, o horário marcado para o diálogo intelectual entre mestre e seus aprendizes é exatamente às oito horas da manhã – portanto me parece inconcebível que os carros estejam chegando neste horário ao campus.
Estabelece-se aí uma hierarquia de eventos que denigrem a sociedade contemporânea, principalmente num ponto que deveria ser meta já atingida: um ensino superior modelo. Ocorre que os estudantes usam como indulto o atraso dos carros para justificar o próprio atraso; nisto, os mestres sentem-se a vontade de perdoar-lhes uns quinze minutos, que há muito se tornaram trinta e assim se vai perdoando minutos até não sobrar tempo para mais diálogos intelectuais – desses que se espera nas universidades.
Resta-nos, portanto, sonhar com o dia em que os administradores do serviço de ônibus vão ajustar o horário da maioria dos carros para antes das oito horas da manhã, e em número compatível com o exponencial crescimento de nossa Universidade Federal de Pelotas.
Mas ainda não contente com a atual condição dos estudantes, gostaria de manifestar um apelo ao nosso Restaurante Universitário. Da comida, eu não tenho de que reclamar, apesar de saber que alguns paladares mais apurados não apreciam as iguarias daquele lugar. Todavia, gostaria que as bandejinhas fossem constantemente repostas para que alma alguma fique sem, quando de sua vez em servir-se. Elas, apesar de bambas, garantem um almoço mais higiênico e salutar. Além de auxiliar na limpeza, pois, a julgar pelo volume de transeuntes daquele lugar, penso na dificuldade que deve ser passar um paninho com álcool em cada mesa após alguns efetuarem sua refeição diária.
Não vou comentar aqui sobre a fileira que se aglomera na entrada do restaurante, no horário do meio dia, passa pelo descampado, se estende por uma meia dúzia de braças, dobra no prédio da Matemática e chega próximo aos laboratórios da Química de Alimentos – este caso, obviamente, já deveria ter sido sanado e mesmo com a ampliação do refeitório, perdura... Que fazer?

Marcius Andrei Ullmann
Pelotas, 08 de abril de 2011

Quarto da desilusão

Quarto da desilusão



Sobre a mesa, lápis e um jornal,
folhas rasgadas,
palavras apagadas,
mas não faz mal,
os segredos continuam naquele lugar
não pôde trazê-los para ver o mar.

Lápis, canetas e um jornal
com uma notícia fatal,
num quarto bagunçado,
totalmente desarrumado.
Sobre o jornal uma lágrima de dor
por um interrompido amor.

Não há mais felicidade,
não há alegria,
não há necessidade
do raiar de um novo dia.

A vida acabou.
Seu amor se foi para além...
E ela ficou aquém
do que sobrou.
A ilusão sucumbiu
e seu coração se partiu.

Resta a dor, resta o nada.
Resta a noite abafada
no quarto da desilusão,
onde se ouviu um trovão
e ao encontro de seu amor
ela acabou por ir.
Deixou para traz o calor
de um corpo a sorrir.


No quarto da desilusão
é trágico ouvir que alguém foi embora
e não era sua hora.
Resolveu pedir perdão,
sobre a mesa, lápis e folhas rasgadas,
de sangue manchadas
e uma carta de sentimentos seus,
uma carta de adeus...

Marcius Andrei Ullmann
2 de abril de 2006.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Poema Urbano

Poema Urbano


Cidade
Idade
Imensidade

Rumo incerto
Ventre Feto
Silêncio certo

A Cidade corre e correndo
sem Idade socorre e socorrendo
nessa Imensidade se morre e morrendo...

Num Rumo incerto nasce e nascendo
do Ventre em feto surge e surgindo
reina o Silêncio certo e silenciando...

Não se ouve o gemido, choro, brado
nem do vento que ventaneja alado,
sopra, assovia e sorve o espaço

Nem do bebê que, em fim, dorme,
suave, soninho que some
no calor da mãe em colo, balouça o braço...
Balouça o braço...
Balouça o braço...
Balouça o braço...

Marcius Andrei Ullmann
Pelotas, 03 de março de 2011
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